quarta-feira, 15 de setembro de 2010

RETIFICAÇÕES e OUTRAS CONSIDERAÇÕES


Acho que não...
Naná terá 13 anos, porque essa sim  é uma idade que corresponde à tudo que ela aprendeu em sua pouca vida. A menina não deve parecer uma escrava, que faz todos os afazeres domésticos; por isso, enquanto a mãe cuida da casa, Naná cuida da horta, que era seu passatempo predileto. Somente quando a mãe fica doente é que Naná cuida das refeições, da limpeza da casa e dos demais afazeres.

Ela, acima de tudo, ainda é uma criança que gosta de brincar, mas aprendeu diversas brincadeiras que pode fazer sozinha ou apenas com a mãe. Ainda não sabe ler, mas está aprendendo a reconhecer as palavras e o jeito de escrevê-las. Onde Naná mora não tem escola a menos de 3 horas de distância.

A fazenda é, de fato, um tanto quanto isolada do mundo, bem distante de qualquer tipo de civilização de cidade grande. Ninguém por ali usa dinheiro, vivem na base da troca, como se fazia há muito tempo. Não há televisão nem rádio, mas todos por ali possuem grandes bibliotecas e estão sempre emprestando livros uns aos outros. Há apenas o telefone, quase intacto, usado apenas em casos de emergência.

Todo o restante da família de Naná (avós, tios, primos) moram nas metrópoles e somente a avó paterna da menina escreve algumas cartas à mãe dela, de vez em quando. Apareceram duas únicas vezes na fazenda, quando Naná nasceu e no seu aniversário de 5 anos. O pai faleceu mesmo antes da menina vir ao mundo por motivo desconhecido pelos médicos do local.

Pelo fato de sempre ter convivido com poucas pessoas, Naná não se sente sozinha e não se amedronta de ter que cuidar de tudo quando a mãe se transforma em uma estrela. De fato, ela se aproxima ainda mais da velha e aprende tantas outras coisas que ainda não conhecia. Ela pensa em seguir atrás da mãe, porque sente falta das longas conversas que tinham à beira do lago e das brincadeiras de esconde-esconde (afinal, apesar de muito simpática, a velha não consegue correr como sua mãe fazia).

Mas Naná gosta desse lugar, ainda que longe da mãe. Ela sabe que ainda há muito pra conhecer, ainda há muito para cuidar. Porque Naná, na realidade, jamais se sentirá distante dela, pois sempre a verá no céu e sabe que poderá conversar como antes. Curiosa como só ela, Naná tem vontade de conhecer as outras fazendas, outras pessoas e outras realidades; sabe que o mundo não é tão bonito quanto sua fazenda, nem que as pessoas são tão boas quanto sua mãe e a velha.

Naná vai ficar por aqui e quando achar que deve, vira estrela também.

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