terça-feira, 28 de setembro de 2010

CORRENTEZA


Ela havia se proposto a atravessar o rio, mas não estava bem certa disso. havia um punhado de medo e umas gotas de receio que escorriam têmpora abaixo. Não sentia segurança em seguir em frente.

"Aposta é aposta", ouviu Léa ao fundo, num tom maroto. Parecia até que escondia algo consigo...

Raquel olhava para a correnteza e se perguntava porque raios fizera aquela aposta. Sabia que não poderia atravessá-lo, ainda mais naquele começo de manhã, antecedida de chuva com trovoada pela madrugada adentro e maré alta. Era primeiro dia de Lua cheia, e isso bastava.

"Eu sabia que você não tinha palavra. Sabia desde o começo que era fraca.", insistia a voz irritante de Léa. Será que ela não poderia, ao menos, ficar quieta?

Levantou o pé direito, dobrou o joelho, inclinou-se para frente e pisou no fio d'água. Gelada. Talvez fosse um indício. Raquel não estava, ainda, nada confiante e isso deixava a água cada vez mais fria. Pé esquerdo. Direito, esquerdo. Direito. O joelho já estava encoberto e faltava dois terços do trajeto a percorrer.

Seu erro foi ter desviado o olhar da margem oposta do rio. A perna fraquejou como Léa disse que seria. O pé esquerdo tropeçou em uma pedra e não achou o chão novamente. nem o direito. Quando Raquel conseguia chegar à superfície, via apenas a silhueta de Léa cada vez mais longe e aquela voz que não lhe saía dos ouvidos: "aposta é aposta...". "...fraca...". "...eu sabia...".

2 comentários:

  1. Bia!!Não acredito que te achei menina...lembra Nathalia do Brito!!Que saudades... Bjus

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  2. Bia...te achei..rsrs..lembra Nathalia do Brito..saudades..

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