quinta-feira, 16 de julho de 2009

A Reforma Ortográfica, vista de fora



Bem, senhores, depois de todas essas pequenas “incisões” no blog das alterações que a tão falada reforma nos trouxe, confesso que ela não parou por aí. Uma grande discussão tem sido mantida em referência às alterações nos substantivos pátrios com os gentílicos.

Segundo o Dicionário Eletrônico Michaelis, gentílico diz-se dos adjetivos que indicavam nacionalidade, os quais também eram chamados pátrios (idioma dos gentios da Índia). Ou seja, é a designação que se dá pelo local de nascimento, seja cidade, estado ou país.

A confusão começou por conta de uma mudança na grafia desses gentílicos, que diz o seguinte:

"Escrevem-se com i, e não com e, antes da sílaba tônica, os adjetivos e substantivos derivados em que entram os sufixos mistos de formação vernácula -iano e -iense, os quais são o resultado da combinação dos sufixos -ano e -ense com um i de origem analógica (baseado em palavras onde -ano e -ense estão precedidos de i pertencente ao tema: horaciano, italiano, duriense, flaviense, etc.): açoriano, acriano (de Acre), camoniano, goisiano (relativo a Damião de Góis), siniense (de Sines), sofocliano, torriano, torriense [de Torre(s)]".

Enfim! Tudo isso para dizer que a partir do dia 1º/janeiro/2009 quem nasce no Acre agora é acriano, e não mais acreano. É como dizer que quem nasce no Brasil é brasiliense, e não mais brasileiro. O “bafafá” atingiu tamanha repercussão que já se fala em perda de identidade para os habitantes do Acre.

As argumentações mais levantadas são as seguintes:
- A mudança trará perda de identidade e possível abalo sociológico no Estado;
- A versão “acreana” pode vir a ser considerada uma vocábulo da linguagem vulgar, regional, em contraponto ao oficial “acriano”, que será visto como linguagem culta;

A Academia Brasileira de Letras diz que não é de seu pleito decidir se a mudança vai inferir na sociedade, mas sim de firmar a ortografia de acordo com as regras já firmadas. O que é mesmo uma verdade: a ABL deve nos dizer onde há hífen, acento ou ditongo, mas não se é caso de honra pública.

Entretanto, deveriam considerar que esse tipo de alteração movimenta não só a grafia e o conteúdo de ensino nas salas de aula, mas movimenta toda uma estrutura de um povo que se designa daquela forma. Já que a Língua Portuguesa possui tantas exceções inexplicáveis (porque são simplesmente exceções) porque essa não ser mais uma? Grafar “linguiça”, “pós-traumático” ou “enjoo” é uma situação completamente diferente, convenhamos...

Poderia eu dizer que não faz diferença para mim ser acriano ou acreano, mas para cerca de 680mil pessoas deve fazer um bocado de diferença, não?!


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