sexta-feira, 8 de outubro de 2010

MADRUGADA



Não foi minha culpa.

Não podem me acusar por isso, não tive a intensão. Ela tava lá, perdida, parecia cega, sem direção. Tava escuro, a rua toda apagada;
o farol direito do meu carro tava queimado, não vi ela chegar. Ela correu, apareceu do nada na minha frente e não deu tempo.

Tentei parar, o freio do carro não obedeceu, falhou. Não fiz de propósito, será que alguém entende isso? Não escutei nenhum barulho, ela não gritou, nem chorou. Não tinha como saber que ela ia chegar bem ali, aquela hora, na minha frente.
Eu tinha pressa, minha mulher me ligou, minha filha tá doente, não tava bem. Saí correndo pra chegar logo, não dava pra ter calma.
Não, eu não tava dormindo!
Não, também não tinha bebido nada! Eu tava indo ver minha filha, porra! Ela não gosta quando eu bebo, não ia deixar minha filha doente e triste também. Não sou um pai ruim, amo minha filha.
Ela é única, sabe? Faço tudo por ela... Tudo.
Não, moço... Não me leva não! Não fui eu...


Um comentário:

  1. Fico a pensar, que situação, que agonia..

    Ouvi a música que você me indicou, também adoro Chico Buarque! =)

    Beijos...

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