Ex-romântica

Já fui um bocado de tudo nessa vida. Já fiz bordado, já dancei, já tentei cozinhar, já fugi e me casei. Eu que sonhei ser tantas pessoas em uma só, acabei sendo uma ex-romântica. Mulher racional, porém um tanto quanto espiritualista, deixei de falar de amor há muito tempo.

Mas ao contrário do que vocês devem estar pensando, não deixei de amar. Pelo contrário! Amo e amo muito! Amo meu marido, minha linda e gorda cachorra, minha família, meus amigos... Amo tudo que está ao meu redor, tudo o que tenho, o que já tive, o que fui e o que sou. Amo, simplesmente. Só que não falo mais de amor.

Tenho dores e elas imperam nos meus assuntos; tenho problemas e eles insistem em conviver com meus discursos. Tenho saudade e elas estão presas a momentos de inocência, em que eu acreditava que falar de amor traria-me bons fluídos. Não me trouxeram!, e no lugar deles trouxeram as marcas de mágoa que ainda estão cicatrizando no peito. Minhas músicas trazem rispidez porque assim me coloco para não sofrer, me mantém em pé - ou ao menos me fazem fingir que de pé estou.

Não sou uma pessoa de todo triste, mas não esqueço meu passado e dele vou cuidar para que não repita. Passe o sol a chuva, a Terra e todos que nela estão; meu passado não voltará.