quarta-feira, 5 de agosto de 2009

“...como é que se diz ‘Eu te amo’?”


Muitos clichês e piadinhas circundam o mundo quando assunto é amor. Entre deboches e declarações, homens e mulheres vão se conhecendo, se envolvendo e travando compromissos, independente de quanto tempo durem. Tudo bem que, hoje em dia, as coisas têm caminhado na mesma velocidade que a luz: casais se juntam e separam na maior rapidez!

Felizmente, ainda nos restam aqueles que são ou determinados, ou persistentes, ou decididos. Determinados porque vão direto ao ponto; persistentes porque ficam anos e anos tentanto; decididos porque sabem exatamente o que (ou quem) querem.

O amor e seus derivados (carinho, admiração desejo, paixão, etc) são peças de nossa vida completamente desconhecidas em sua essência. A raiz de cada uma delas, ninguém sabe de onde vem, muito menos até onde chega. Quem veio primeiro: o amor ou a paixão? Impossível de dizer. Conceitos e motivos também tornam-se muito abstratos quando entram em discussão.

Mas uma pergunta, feita pelo poeta Renato Russo em uma de suas mais belas músicas - “Vamos fazer um filme” – leva o questionamento de como se diz “eu te amo” nos dias de hoje. Não só ele, como tantos outros compositores já tentaram decifrar e rotular esses sentimentos. Milhares de músicas de amor cirlulam pelos ouvidos e corações de pessoas num único segundo, e ainda sim ninguém consegue conceituar com forte certeza.

“...e hoje em dia, como é que se diz ‘Eu te amo’?”

Para uns, a famigerada frase se diz em presentes caros e constantes, jóias, chocolates, flores, etc. Para outros, se traduz em atitudes, em postura, em respeito. Ainda que seja traduzido em mil palavras, dizer “eu te amo”, na minha concepção, é muito mais do que tudo isso junto.

Diz-se “eu te amo” quando os olhos brilham por um mero sorriso, ou quando os cabelos se enroscam nos dedos, num cafuné antes de dormir. Ou mesmo quando a lembrança te leva àquele bombom, mas que a vontade de presentear é maior que a de ser presenteado. Talvez esteja presente num gol marcado e dedicado perante toda a turma da faculdade, ou ainda num almoço bem preparado, mesmo que o arroz queime e a carne fique sem sal.

Acho que também encontramos essa tal frase expressa no barulho do motor do carro, de manhã, chegando para um café-surpresa. Quem sabe na roupa escolhida a dedo para a noite de hoje, o gel no cabelo, a boca sem batom pra não manchar. Pode também estar no convite sem pretensões de ser realizado, na leitura de um trecho do livro, nas mãos dadas enquanto se assiste um filme pastelão na tv. Pode ser que esteja numa carta de amor ou desabafo, na preocupação com a tosse ou mesmo em carregá-la para cama quando adormece na sala, durante aquele mesmo pastelão.

Mas também se diz “eu te amo” quando se faz um passeio no parque com o cachorro, quando apenas se observa o outro dormindo, quando se cata uma música, quando se dá um abraço, um beijo, um simples toque! Um copo de bebida pode trazer não só a saciedade quanto um carinho, uma atenção, que pode trazer o sentimento da frase “eu te amo”.

Veja bem, não se trata de serem coisas físicas pelo fato de serem visíveis, mas pelo fato de que carregam em si uma carga de sentimentos, de palavras implícitas, de atitudes relevantes que, por muitas vezes, dizem bem mais do que um texto gigante. Afinal, como saber se o companheiro sentiu sua falta durante o dia se ele não te disse, nem te demonstrou? Felizmente, ainda não lemos pensamentos, o que nos propicia falarmos de mil jeitos a mesma coisa, sem dizer uma única palavra.

Já disse um príncipe pequenino que o essencial, na realidade, é invisível aos nossos olhos. Mil presentes, mil palavras, mil lugares, mil coisas não seriam capazes de explicar como, hoje em dia, se diz “eu te amo”.

Um comentário:

  1. Poxa, hoje não estou nada bem, e passei o dia e anoite ruim, com aperto entre outros sintomas no coração sabe...alguma coisa me fez vir aqui e ler seu texto. Você pode até não entender, mas obrigado por cada palavra do post!

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