Depois que eu desci de vorta, vortei pro curral pra terminá de tirá leite das vaca. E como num achei nada, num me procupei em oiá em vorta. Se a sinhóra soubesse e se eu soubesse tamém, nem tinha oiado, prusque deu dó de vê, dona...
Como eu vi? Óia, eu tive que vortá pra casa cos leite das vaca, né? O caminho tinha que passá pelo celêro dos cavalo, que é o mais perto, então eu fui. Minha Nóssa Sinhóra, tomei um susto, dona! Os cavalo tava tudim lá! E eu tinha acabado de vê cos meus próprio ôio que a terra há de comê... Num tinha nada, nada! E depois tinha tudo vortado, juro que num entendi o que tinha acontecido, não.
Dei de entrá lá e tomei ôtro susto que a sinhóra num acredita! Tinha um hómi lá sentado no chão, quietim, fumando um cigarrim de páia. Ele nem oiô pra mim, mas sabia que eu tava lá oiando pra ele. Terminô de fumá o cigarro, apago a bituca na parede, guardô no borso e levantô, oiando prá mim.
Dona, num preciso ele dizê nada e eu entendi o que ele queria dizê, saí de mansinho, de costa. Té parece, né, que eu ia mêmu ficá de costa prum hómi que some e traz os cavalo de vorta, assim, sem mais nem menos. Tô com medo dele dá sumiço nos cavalo e num aparecê mais. E se ele some cos porco tudo? Óia, dona, aí num vô podê mostrá pra sinhóra cumé que faz o tar do porco assado, matado cas facada no peito.
Se o hómi resorve matá tudo os boi, as vaca e as galinha na facada tamém, nóis fica sem leite, sem churiço, sem ôvo, sem nada! Prusque galinha nóis mata na facada tamém, mas é pra cortá o pescoço. Nela num dá prá dá paulada, não... A cabeça é miudinha, dona. Nóis degola mêmu. E o bão é que galinha num grita, né? Nóis num tem que ficá com dó. E nóis come achando que tá mais gostôso.